segunda-feira, março 26, 2007

andreia elisabete

Andreia Elisabete ( a onomástica dá-me arrepios ...) , ex-Joana...
a verdade é que tenho pensado muito neste tenro e inocente rebento, e a verdade é que estas são as únicas palavras lindas e românticas que se me ocorrem para falar desta situação que os tropeços do destino fizeram com que todos conhecêssemos.
Este blogue é meu, este espaço é meu e aqui eu digo o que me dá na telha: mas as minhas ideias e opinião sobre esta infeliz situação são tão perturbadoras, mesmo para mim, que até me dá medo escrevê-las!... :/

vou tomar um leite e comer umas bolachas... :// acho que tou com medo...

Pronto, voltei!

Acho que esta infeliz criança teve na vida um momento afortunado e esse foi quando uma senhora que nunca ninguém viu - mas que dizem ser um bocado destrambelhada - a levou de um hospital, pouco depois de uma outra senhora, de seu nome mãe-biológica, a ter parido para a juntar a um rol (in)feliz de seis irmãos.

Disse "destrambelhada"?

Então, que direi do companheiro-marido que partilhava a cama e a casa com ela? das duas filhas já grandinhas? e do resto da família ,que assistiu a nove meses de gravidez e que só suspeitou de tudo porque a senhora não tinha registo de nascimento da criatura?? já não sei quem andava mais destrambelhado!

De qualquer modo, esta parte já não me interessa nada: a vida que não é e poderia ter sido!O pior é a vida que ela vai ter!

Eu, e outros milhares de portugueses, assistimos em estado-de-choque à dramática romaria que originou a sua volta à casa paterna: horrorizou-me tudo: a mesa dos 'comes', os pipos 'prós bebes', a foguetada, os gritos do povaréu em êxtase, as mulheres desdentadas aos gritos que 'se fosse com elas tinham partido a outra toda', os urros de gáudio dos homens 'pra ver a menina' depois de terem prometido 'porrada se não a mostram', que 'biemos de táo loinge, carago!'.

Este notável caso de rapto tinha já o seu fim à vista, e eu já tinha pena da criança: a casa onde vai viver é um lúgubre casebre, compartilhado pelos pais e seis irmãos. Seis, não quatro: os outros dois estão à guarda das madrinhas, já que foram sinalizados e retirados pela Segurança Social por negligência alimentar e de higiene básica! :/ Dormem uns colados aos outros sem qualquer privacidade e cozinha-se no chão, a panela sobre os toros. Mas a mãe sempre foi dizendo que 'agora, com mais esta, espera que o governo dê mais alguma coisinha.' E o pai? bom, com esse a história é diferente. Os jornalistas até o tentaram entrevistar, mas só com legenda: soltava umas sílabas à moda de grunhido e pareceu que disse que 'ali a menina tinha tudo o que era preciso', 'que até há quem viva pior'!

Claro que há! No Darfur, mas nem por isso dormimos mais descansadinhos, pois não?

Não haverá médico com coragem, e humanidade suficiente, para pôr termo a tanta fertilidade? E não me venham cá com merdas de que mais vale pobrezinhos e felizes...! É que nem pobrezinhos nem felizes! Não é pobreza, é miséria, isso é que é! Nestas condições de tanta miséria, ignorância e isolamento, onde está o planeamento familiar tão apregoado pelo séquito do Ministério da Saúde? não querendo parecer insensível e fundamentalista, nestas condições, será que alguém com dois palmos de testa não deveria decidir - eu sei que o verbo é forte!!, eu sei!! - que um ou dois filhos, nestas condições, são suficientes? A nação precisa de bebés, é certo, muitos, até! mas com perspectivas de um futuro (e um presente!) arrojado e inovador, com perspectivas reais de acesso à formação e educação, na cidadania e numa profissão; com fortes vínculos e perspectivas de um crescimento familiar equilibrado, feliz, tranquilo;... não assim... digo eu...

Não sei o que falha aqui, ou por outra, até sou capaz de atirar umas quantas razões: falhou a família, falhou a comunidade, falhou a escola, falhou o Estado... falharam todos quantos não podem nem devem em tempo algum demitir-se das suas responsabilidades pelo bem-estar de todos nós e que são pagos para o fazer!

fui... :(

triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiste...

4 comentários:

Afronauta disse...

Recordo a história das duas mulheres que se dirigiram à corte do Rei salomão, cada uma reclamando a maternidade de um bebé. Perante tal situação e subjugado pelo desentendimento incontornável das duas o monarca pediu uma espada com a intenção de cortar a criança ao meio e dividi-la pelas reclamantes. Uma delas concordou de imediato; a outra preferiu abdicar da sua parte em benefício da adversária. No fundo investia no benefício da criança. Foi aí que Salomão, homem justo e tido como profundo conhecedor da natureza humana percebeu que aquela sim, a que abdicava, era a verdadeira mãe.
Por vezes é por amor que prescindimos de algo. O amor é altruísta e olha para o bem-estar de quem o inspira, relegando para último plano o interesse de quem o sente.
Discutir quem tem direitos ou não, é muito fácil. Perceber quem realmente ama, é muito difícil e não é possível através do Código Penal. As leis do homem por vezes são frias porque atribuem o sentido de propriedade à vida; as da natureza pautam-se pelas emoções e pelos instintos e pela liberdade.
Quantos de nós, pais e mães já não teremos amarfanhado sentimentos, princípios, valores, objectivos em nome da felicidade dos filhos?
Não sei quem deveria, à luz dos interesses da ex-Joana e actual Andreia Elisabete ficar com ela, mas parece-me que uma vida tão frágil e um destino tão trágico não devem ser motivo de disputas de carácter quase desportivo com celebrações de vitória e comemorações a condizer.
Impunha-se discrição na condução do caso e recato na recepção da menor para minimizar o impacto da mudança de realidade de vida a que vai estar sujeita aquela vida tão jovem.
Não sou um homem materialmente rico ; acredito que se ame intensamente independentemente de se ser pobre ou rico, mas a Segurança Social deveria ter analisado melhor a situação antes de fazer a entrega, até pelo historial de maus tratos que infelizmente faz parte do currículo daquela família. As condições deploráveis de que o casal dispõe para oferecer à Andreia Elisabete, nem com muito amor se desvanecem do nosso espírito, de tão atentatórias da dignidade humana. Não basta ter uma casa qualquer, é preciso um lar que dê corpo e sentido ao tão apreogado amor que mais uma vez a comunicação social exlorou até ao tutano!...

Afronauta disse...

Mau mau Maria, lá estou eu com am inha dislexia!!! No texto amterior, mais duas ou três gralhas! A mais evidente: apregoado mal escrito! Salomão com letra minúscula, explorou sem "p"!
As minhas sinceras desculpas!

Afronauta disse...

Congratulo-me com a extensão dos textos! O que é bom não pode deixar de existir!

Anónimo disse...

Não cabe aos médicos decidir quem deve/pode ter filhos. Cabe a todos nós pôr um ponto final nesta fantochada que são os tribunais de família e na aberração da legislação para adopção. Se uma não tinha o direito de raptar a criança, a outra,não tem o direito de ficar com ela. Fosse isto nos EUA, país que nem aprecio, e o caso teria um desfecho feliz para a criança. Por cá 1º estão os pais e depois as crianças - eis o que temos! Ou melhor, o que não temos -tomates para dizer que para parir qualquer uma serve, para educar e amar NÂO!!!! (o mesmo se aplica aos homens - fazer qualquer 1 faz, ser PAI, definitivamente, não é para todos!!!!)

JEZEBEL