Nesta pouco soalheira manhã de domingo, tomava eu o meu pequeno almoço tardio numa das muitas maria-bolachas desta cidade quando parou, no passeio mesmo ao lado, um modelito Ferrari, vermelho (como manda a regra).
Dele saiu um jovem senhor cujos sapatos tinham solas cheias de letras a lembrar uma marca italiana.
Nos tempos que correm, e nesta cidade a lembrar Milão, não nos conseguimos desabituar a tais sinais exteriores de bem estar na vida!
De súbito, o jovem senhor observa a rua, atento ao carro que chega: um modelito também ele desportivo, mas negro: um Lamborghini.
Também não chegou para me mesmerizar: já disse que esta cidade lembra Milão a cada passo...
O que me assomou de espanto foram os esforços do afoito condutor do Lamborguinho para estacionar o viatura: com 137 lugares disponíveis na rua, ele foi pô-lo a dois metros do passeio, em cima de uma curva que desemboca diretamente numa via rápida e que obrigou todos quantos vinham dessa rua - para entrar na dita via - a uma manobra por forma a evitar uma traseirada!
Convenhamos: ninguém no seu juízo perfeito quer ir ao traseiro a um Lamborghini!
Foi então que percebi: era para que todos nós, provincianos ignorantes, pudéssemos testemunhar o seu objeto de prazer!
Do modelito negro sairam o condutor e o pendura (o primeiro, imberbe; o outro, com cara de amigo recente), e postaram-se no passeio a observar a destreza que aquele estacionamento exigiu!
Sentaram-se na esplanada, na mesa ao lado da minha, e o moço do Lamborghini perguntou ao moço do Ferrari "Num bistes a minha manobra a estacionar,cará'? tá beim, num tá?"
Moral da história: nem eu sei qual é!
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