O medo das gajas!

Não, não!

Não vou escrever sobre os nossos medos; e sim, escolhi 'gaja' de propósito, mas com muito afecto, à moda do Norte!

Vou discorrer sobre o medo que os gajos têm das gajas, isso sim.

Não me dei conta dele de ontem para hoje.

Pelo contrário; é um sentir que se vem construindo desde há já tempo e que tenho vindo a constatar cada vez mais: em mais homens e em mais espaços sociais!

Ora vejamos: este nosso mundo está cada vez mais habitado por bravas mulheres dispostas a levar tudo pela frente,

a lutar pela sua independência e pelas suas convicções, sem e contra todos os preconceitos que nós,

os outros,

e a boa sociedade tanto se empenham em edificar.

E esperem lá,

que falo de mulheres depiladas e que fazem excelente uso de excelente lingerie;

são sexy e modernas, sem andar por aí de buço ao vento

e a vomitar ignonímias contra o sistema e os homens que o dominam.

Mas com estas podem eles bem, as feministas desinbestadas, queimando sutiãs!

Podem eles e podemos nós, as outras, femininas sem ser feministas!

E reitero: não são estas que lhes infundem o medo:

são as outras:

as lindas, modernas, trabalhadoras e independentes, senhoras dos seus narizes e donas das suas opiniões,

e sem medo de as verbalizar.

E é então que, tomados do terror, dão início à 'guerra'!

É comummente uma guerra de palavras - vá lá! - que vai desde a subjectiva constatação da ausência de beleza física ('pirosa'), à pressuposta ausência de sexo ('tem falta de peso'), até ao desejado, mas não atestado, vácuo neuronal('burra')! Tudo vale!

Se uma mulher é independente e diz o que pensa sem rodeios nem subterfúgios,

"tem a mania que manda!".

Se é de estilo arrojado e prima pela diferença,

"tem a mania que é boa!".

Se não se casa, "falta-lhe mas é peso!".

Se vai tendo namorados, "é rodada!".

Irra! Como incomoda o sucesso delas!

Àqueles que não encontram argumentos válidos - nem precisam ser edificantes, que isso também é pedir-lhes de mais - para contestar o sucesso destas mulheres de sucesso,

ao menos calem-se!

e reduzam-se à vossa condição insignificante... para elas, claro!

Não se darão, eles, conta que elas não têm a mais mínima consideração, deferência, sequer apreço, por aquilo que pensam ou dizem? ... não? não?...

Felizmente, e nestas coisas há sempre um 'felizmente', nem todos os homens são assim, felizmente. Infelizmente, quando são assim, ou são gays ou são ... gays ??? ou então, não são nada gays, são até muito homens, mas só conseguem balbuciar um elogio no feminino se a gaja não lhe fizer a mais mínima mossa, a mais mínima sombra!

Não é inveja, é medo!