quarta-feira, março 21, 2007

Vive la France!

Não, continuo a sofrer de inflamado prurido quando penso nas professoras de francês - salva-se apenas uma, que amo muito! - mas não é por elas que dou vivas à França: é que li recentemente numa prestigiada publicação nacional que Nicolas Sarkozy quer devolver ao ensino na França o respeito absoluto pela figura do professor! E diz que quer que os meninos se levantem quando o snr. Professor entrar na sala!
Acho E-X-C-E-L-E-N-T-E!!
Sou uma rapariga do meu tempo, consciente dos meus direitos, deveres e obrigações como cidadã; não aprecio o servilismo, o carneirismo, o lambe-botismo, e outros 'ismos' que agora não vêm para o caso. Mas estou farta, farta, FARTA de ver confundir liberdade com libertinagem! Estou farta de ver - e já senti na pele! - muito boa gente achar que o 25 de Abril serviu para sermos todos iguais, e termos todos os mesmos direitos, e 'tu pra cá e tu pra lá'!
Uma 'bosta' é que temos!
Não somos todos iguais, não: cada macaco tem o seu galho!
E quem não 'perde' tempo a ensinar pacientemente esta verdade tão evidente ou é tolo, ou é tolo! Depois não se admirem por haver uma Associação de Apoio a Pais Maltratados pelos Filhos!
Mas que merda de nação tem uma Associação destas?? e quem diz isto, diz de alunos que batem nos professores, médicos agredidos por pacientes, árbitros espancados por atletas, e por aí fora!!
O meu querido avô ensinou-me que devemos respeito incondicional aos mais velhos, devemos dar lugar a quem está mais debilitado, calar-se quando outro fala, pedir licença para sair da mesa,... respeito e disciplina, essas eram as suas palavras de ordem... e ficou-me!
Quando estudava, nunca se nos ocorreu chamar o professor de 'prof.', quanto mais de gozar com ele! E quando o snr. Padre Rodrigues - presidente do Conselho Directivo do Liceu Nacional Sá de Miranda - entrava na sala, levantávamo-nos! e não fiquei traumatizada, nem nunca à minha mãe apeteceu espancar o professor por causa destas atitudes 'salazarentas'!
Tenho para mim que estes ciclos libert(in)ários são sempre seguidos de autoritarismos ferozes!... e já está a acontecer... como diz o sábio povo, "dá-se-lhes a mão e comem-nos o braço"!
Fui.

2 comentários:

Anónimo disse...

MINHA KIDA!Mais que uma missão,só mesmo uma cruzada semear novamente o conceito de respeito,liberdade.FOI-SE....como transmitir,passar para....se ele não foi semeado.Não basta lançar a semente e descansar pois a missão foi cumprida.Temos que estar atentos e presentes,não encolher os ombros e dizer: SEJA O QUE DEUS QUISER.A cruzada começa depois de semente lançada.Nada é fácil nesta vida mas vale a pena.TEM QUE VALER A PENA.

Afronauta disse...

Enquanto vivermos numa sociedade que nem a polícia respeita, em que os cidadãos não acatam as sentenças dos tribunias, em que não pagar impostos é motivo de regozijo, em que os governantes defraudam eleitores, em que a vida tem menos valor do que o dinheiro...os professores não voltarão a ter autoridade tão cedo.
O respeito faz parte da formação ou então não existe! Não é um software que se activa quando se entra na escola e desliga-se ao sair. Não é o reconhecimento da autoridade do Professor que está em causa, mas sim o reconhecimento da Autoridade enquanto ferramenta de convivência respeitosa e de garantia da paz social, seja lá em que moldes ela se apresente. Quem não reconhece a autoridade dos progenitores, nunca respeitará qualquer outra!
A Autoridade não se impõe por decreto. É imprescindível praticar e incuti-la em qualquer situação em que se imponha a sua existência.
Em França, as pessoas cumprimentam-se, desculpam-se, mimam-se, mesmo sem se conhecerem. É aquilo a que se chama ser bom cidadão. Aliás, é assim que desde a tomada da Bastilha os franceses são tratados, por cidadãos, o que inclui, responsabiliza e dignifica em vez de marginalizar, desresponsabilizar e infantilizar como cá na terrinha em que se trata toda a gente por "Portuguesas e Portugueses" esquecendo-se sempre dos milhares de cidadãos do mundo que aqui vivem de forma igaulmente digna. Tal como outras, França detém uma sociedade que inclui violência, marginalidade, malandrice, irreverência, mas onde tais manifestações são marginais e onde há um grande esforço civilizacional, cultural e governamental em minimizá-los, já que se investe nas pessoas. É que a educação não se limita à aquisição de conhecimentos na escola. No nosso país levam-se encontrões nos passeios, buzinadelas e insultos no trânsito, ofensas sob a forma de lei.
Nas palavras de Alexandre Oneill e António Lobo Antunes, "Portugal já deixou, há muito, de ser um país: passou a ser um sítio mal frequentado".