Sábio ditadinho este que, e quando nos deslocamos a paragens diferentes e mais ou menos distantes, basicamente nos poupa a dissabores que vão do embaraço ao mau-gosto, ao insulto ou mesmo ao levantamento popular. Viajar é do melhor que pode acontecer, pelo menos à maioria dos mortais que por aqui andam, e o bom senso mandará que nos informemos sobre o que podemos encontrar quando chegarmos ao nosso destino.«Em Roma, sê romano.»
A este propósito, lembro-me de um documentário sobre a vida de alguns cidadãos ingleses no Kwaite; a certo ponto, uma jovem de calções e decote arremetia porta adentro de uma mercearia, ou coisa parecida, quando foi severamente admoestada pelos presentes pela sua falta de decoro. Então, defendeu-se a jovem invocando a sua nacionalidade, ao bom jeito colonialista dono-do-mundo, o seu berço europeu e civilizado e a sua liberdade universal e inalienável para se vestir como bem entender! "Não aqui!" foi a resposta de uma velha senhora, também ela inglesa, mas com muita sensibilidade e bom senso nestes affairs culturais!Agora a história central: eu pagava até 4 salários para que o Richard Gere me agarrasse e beijasse... oh se pagava! Mas este homem belo e inteligente sabe que na India as pessoas não se beijam em público. E o pior aconteceu quando, numa campanha contra a Sida, ele resolveu agarrar e beijar - na cara! - a mais famosa actriz indiana, um mulherão colossal chamada Shilpa Shetty. Caiu o Carmo e a Trindade (ooops! tropeção cultural!...) e a própria actriz teve de intervir junto das turbas enfurecidas - que por todo o país queimavam bonecos de trapos, à-laia-de-Richard-Gere - dizendo que ele não queria ofender o povo e a cultura indiana, e que o actor já se tinha desculpado com ela. É que para os hindus a saliva tem conotações religiosas, é sagrada, e nem em Bollywood se vê um único beijo que seja.
2 comentários:
Não deixa de ter razão e confesso que estou plenamente de acordo. Mas será que temos a mesma postura quando se trata de imigração? Basta recordar Oriana Falacci e o que ela pensava sobre o uso do véu islâmico na Europa. Dá que pensar.
Num mundo globalizado deveríamos estar mais sensíveis aos diferentes costumes. Isto vale para o estrangeiro que causou a afronta e para os ofendidos autóctones que a exacerbaram! Por outro lado acho que são actos simbólicos como este, que nos devolvem a verdadeira lista de prioridades que a humanidade deveria seguir. Investir na paz, na harmonia e no amor. Como é possível indignarmo-nos com quem faz o bem, principalmente num mundo e particularmente num país com tanta violência, injustiça e sofrimento?
Boa Richard, se fosse eu teria convidado a senhora para jantar e teria passado o tempo todo deslumbrado com o seu encanto e mistério. Seria uma boa terapia para esquecer, pelo menos por momentos, todas as atrocidades que tão bem quanto a beleza, somos capazes de produzir.
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