1º de Maio.
Dia do Trabalhador.
Feriado nacional.
Festa.
Muito caminho desbravado.
Para a frente.
Outro tanto para trás...
dia de gente como o meu pai que,
durante décadas da sua vida
de trabalho, trocou o calor e o conforto das noites em casa pelas noites
passadas no comboio.
às vezes conseguia dormir deitado;
outras, só sentado.
saía de Braga ás 10 da noite, seis noites por
semana, para chegar ao Poço do Bispo,Lisboa, às 6 da manhã do dia seguinte. pegava num carro ou num camião,
novinho em folha e trazia-o para a empresa em Braga.
todos os dias durante 14 anos. levava um pequeno lanche;
todo o sacrifício era pela família.
dia de gente como a minha mãe que,
antes de sair de casa para
mais um dia de trabalho, deixava já as refeições do dia alinhavadas,
as filhas entregues na escola;
sempre a instar-nos a aproveitar todas as
oportunidades oferecidas, para um futuro melhor, e melhor que o dela.
quando voltava do trabalho esperavam-na ainda maiores trabalhos:
os banhos, as roupas,
as compras, o jantar, as conversas em família, as brigas das filhas,
as contas da vida...
e nunca a ouvi queixar-se da sorte;
aliás, queixou-se uma vez,
ao tribunal do trabalho, de um patrão sem cara que não quis pagar-lhe o trabalho
feito e bem feito;
queixou-se com garra e coragem, e venceu,
a custo de lágrima e insónia.
2 comentários:
A nossa geração , balsaquiana, ainda recebeu uma herança sentida de luta individual e colectiva. Hoje o que sentem as posterior gerações? o que é para eles a luta colectiva? A "sociedade" matou o colectivo social? Quem é hoje a "sociedade"? Conhecemos os nossos vizinhos? E os colegas, que vemos neles? Presuspuesto... que hemos hecho .....
Li um bonito manifesto político que não é mais do que uma homenagem aos homens e mulheres que destituídos de convicções partidárias, mas imbuídos de instinto de sobrevivência e de sentido de responsabilidade lutam no dia-a-dia pela dignidade existencial das suas famílias e do seu país.
Por isso é que não sou nem de direita nem de esquerda, não me esgoto e não me revejo totalmente num ou noutro lado da moeda. Afinal a terra não é plana que nem moeda, é bem rechonchuda e espaçosa para a diversidade de pontos de vista que nela existe. Sinto-me um privilegiado por viver este instantâneo momento de vida neste grão de areia cheio de sonhos, perdido no espaço e por estar cá para assitir a tantas coisas fantásticas que o ser humano é capaz de concretizar. O amor dos filhos pelos pais e o reconhecimento do seu esforço é a nossa garantia de evolução e perpetuação da espécie enquanto seres civilizados.
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