Semana Santa em Braga

Há já anos que sou espectadora devota das procissões da Semana santa em Braga.

Durante anos deixei de as ir ver: as procissões revelavam uma enorme pobreza - e não tinha nada que ver com a pobreza simbólica do Cristianismo - desde a falta de participantes, à pobreza do guarda-roupa - vestido por cima dos jeans e da t.shirt a trouxe-mouxe - ... mas o que mais me desatinava era a falta de respeito e compostura dos assistentes.

Era de bradar aos céus: risos, assobios, comentários... enfim, uma festa!

Entretanto, testemunhei a solenidade e o garbo da Semana Santa em Sevilha!

Andei todo o tempo pasmada!

Mal entrámos em Sevilha, vi um povo em festa, literalmente! As mulheres vestiam as suas melhores galas, outras envergavam belíssimas sevilhanas, cheias de cor e folhos e flores na cabeça, e mantilhas e peinetas! Os homens, de fato escuro!

E depois, o desfile de confrarias e irmandades, as procissões do Cristo dos Ciganos, do Jesus do Grande Poder, da Macarena, da Esperança de Triana, dos 'cantes' e do 'jaleo' do povo à passagem dos andores, ...sorvi tudo!

E voltei às procissões em Braga, para constatar que tudo estava a mudar; nota-se o empenho do povo em participar das procissões, e na solenidade que isso representa.

Ora, a procissão da burrinha, eu nunca tinha visto. Vi-a ontem e gostei muito.

Se bem que achei que lhe faltava um pouquinho mais de organização, coesão entre os diversos quadros religiosos, e sentimento!!

O que eu menos gostei foi do sítio onde fiquei, eu e a minha amiga.

Viamos tudo muito bem, sim senhor, não foi por aí: foi, isso sim, a família atrás de nós!

Eu poderia estar ceguinha que não teria perdido nada da procissão! Eles - ou melhor, uma delas, das mulheres! - legendaram-na de fio a pavio!

... "olhá perna!" ,

"rica coixa!" ,

"aquele num precisa de depilaçom!" ,

"ó chefe, toque aí ua modinha!" ,

"ai, tadeinho do ainjeinho!",

"ai! bámos sair na Sic" ...

de truz!!

Mas o melhor ainda estava guardado e aconteceu quando uma das matronas matriarcas avistou o seu "ainjinho" lá para o finalzinho da procissão, e atira um grito vindo das profundezas da sua glote:

"Biiiiiiiiiiitóóóór!!!! ... olhá mááááánhe!!"