quarta-feira, abril 16, 2008

Porreiro, pá!

Incomoda-me sobejamente a intromissão com que o actual grupo de governantes brinda a cada passo a sociedade lusa!
Incomoda-me muito mesmo!
Já nem me lembro de todas as imbecilidades e idiotices que cuspiram cá para fora - dos piercings aos ... sei-lá-que-mais!! - , e depois ou se retrataram ou recuaram ou aprovaram... como esta última da Nova Lei do Divórcio.
Ao que parece, agora, basta a vontade de um para pôr inequívoco fim ao contrato matrimonial.
... nem é o contrato ou a falta dele que me incomoda!!
... e nem é uma questão religiosa sequer!!
Acho que o que verdadeiramente me está a nausear é o facto de este ser mais um daqueles actos que nada mais reflecte do que a completa e total ausência de valores que tão bem caracteriza as sociedades ditas modernas e ocidentalizadas, enfim, democráticas!
A vontade de um!
Então e a vontade de 'outro'?
Não conta?
Não tem serventia para o caso??
Que pena ser só nestas questões, assim comezinhas...
sim, porque o casamento aparece agora equivalente a uma condição...zinha!
Coisa pouca, que dá uma trabalheira hercúlea a preparar e duas horas a terminar (tempo de estacionamento incluído!)
Dizia eu que pena ser só no divórcio!
E se prevalecesse a vontade de apenas uma das partes para dissolver um contrato laboral??
Ou acabar com uma empresa??
Ou para que fosse concedido um empréstimo bancário??
Ou para que não mais se fechassem centros de saúde e urgências de hospital??
E se dependesse apenas dos professores toda a aprovação do estatuto da carreira docente??
Era porreiro, pá!
Os nossos governantes também se transformaram, assim, nuns porreiraços!
Numa sociedade na qual os últimos censos apontam para a dissolução de 1 em cada 3 casamentos - e a piorar! já que o último censo foi em 99! - pode rapidamente adivinhar-se o que por aí vem!
Absurda, a facilidade com que se manipulam conceitos, como se este, o do casamento, apenas envolvesse duas assinaturas.
Absurdo o tripudear dos afectos, dos deveres, dos direitos do 'outro', dos filhos, da família extensiva que sofre noutra frequência, intensa também...
Cena 1, take1
Ele: (enquanto acorda, boceja e se espreguiça...)
"uuahhhhhhhhhh! olha lindinha, tive uma ideia! ontem fui a uma festa fabulosa na casa do TóJó, cheia de gajas boas comó milho e olha! isto de tar casado não vai dar mais, porque... eu afinal não tou preparado para tanta responsabilidade... e depois a vida é curta e temos de a gozar bem, tá??"
Ela: ... ... ... t-tá....
Não há cena 2!!
Porreiro, não acham?

2 comentários:

Afronauta disse...

Eu só tenho uma pergunta: que se faz a quem quiser divorciar-se por ter deixado de gostar?

Anónimo disse...

A cena dois poderia sempre começar com o suspiro de alívio por ela ter conseguido safar-se de uma vida com um sujeito assim. deixá-los ir, aos que não querem ficar. Se eles não querem, eu também não os quero. Para quê?