quarta-feira, abril 25, 2007

uma gaivota voava, voava...

É óbvio:
não vou discorrer sobre as consequências históricas, políticas e sociais desta data, nem dos capitães de Abril, nem do PREC, nem de nenhuma estória de arrojo e coragem contra o regime dos salazarentos...
Apetece-me escrever sobre como os meus viveram e assimilaram a 'revolução dos cravos', lá longe, na África (des)colonizada. Mal. Viveram tudo isto muito mal. A festa da liberdade acabou-lhes com os sonhos de uma vida e obrigou-os a fugir com a roupa do corpo, no porão de um navio cargueiro.
Mas tudo isto já lá vai.
E os professores de História nunca me contaram grande coisa sobre o 25 de Abril: acho que não tinham grande à-vontade para o fazer...
Assim que, as minhas imagens e teorias sobre a Revolução se foram construindo a trouche-mouche, assim de uma forma quiçá preconceituosa e desajeitada, cheia de clichés e lugares-comuns, não sei...
mas é a minha construção...
e tem sofrido algumas obras de remodelação!
Tenho uma amiga com quem muito discuto estes assuntos e, neste assunto, somos a antítese uma da outra: ela sempre foi de ideais de esquerda, sabe as canções todas de Abril, os personagens, os poemas e os slogans... eu sou anti-esquerda: exaspera-me o tratamento 'camarada', agasta-me a barba, a bóina e o punhinho comunistóide, desgasta-me ouvir o camarada Jerónimo dizer que o Ieltsin acabou com o império Sóviétiko, desespera-me a retórica monótona do 'povo é quem mais ordena', revolvem-se-me as tripas com o estereótipo revolucionário, sempre a alardear de punhinho em riste contra o capitalismo, o consumismo, o imperialismo, o cavaquismo... e depois acabamos por descobrir que, afinal, também têm casa no Algarve e andam de BM!
Li, um dia destes, que Abril não se cumpriu em Portugal!
Sou capaz de concordar: a igualdade de oportunidades continua a ser uma miragem, a escola para todos é só para alguns, a saúde sofre de esclerose múltipla, a política amancebou-se com a corrupção...
... mas muita coisa boa aconteceu: ... ...
ps. o espaço em branco é para cada um de nós preencher, mentalmente, de acordo com apetites e convicções!

15 comentários:

Anónimo disse...

uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar,
como ela somos livres,
somos livres
de viver


Ah saudades da D. Joaquina!

Anónimo disse...

aaaaaaaaaagghhhhhhhhh

comunisssssstas!!!

Anónimo disse...

sejamos sensatos e nem à esquerda, nem à direita. os extremos tocam-se e está mais do que provado que fazem mal à saúde de qualquer um! Passados 33 anos, continuamos ignorantes - temos é mais auto-estradas! Abril nunca se cumprirá em Portugal porque não interessa a quem governa. A iliteracia ou o analfabetismo alfabetizado são muito úteis para aqueles que detêm alguma forma de poder. Neste país a árvore tem medo da sombra que o arbusto lhe possa fazer.

O Encoberto

Anónimo disse...

acredito que um professor de história lhe saiba dizer o que foi o 25 de Abril. duvido é que o perceba!

Anónimo disse...

esqueceste-te da melhor parte!
"auguinha para os retornados e binhinho pós portugueses"

Anónimo disse...

Políticas à parte. Alcoutim era o nome do navio cargueiro. A roupa foi-me emprestada por dois irmãos gémeos, a quem perdi o rasto. Mas o mais triste foi a história do Quito - um jovem fugido dos campos da Frelimo e vítima de tortura. Portugueses abandonados à sua sorte! Lá e cá. Éramos muitos naquele navio. Espero que todos tenham conseguido o mesmo que eu - manter intacta a capacidade de sonhar, porque já lá dizia o poeta que o sonho comanda a vida.

Anónimo disse...

Eu sou aquela que já não quer fugir.Eu,como tantos outros,perderam entes queridos.Eu perdi PAI.Não sonho com a vida que poderia lá ter.Não sonho com a casa,o carro que ficaram por lá.Só queria que ELE estivesse vivo.QUERIA QUE ELE VIESSE VIVO. Queria que ele tivesse tido a oportunidade de conhecer os netos.Queria o colo,o afago,o riso,a gargalhada e porque não o choro.Não foi fácil o regresso.Não foi fácil o dia a dia. Familia existia mas não estavam "preparados" para receber.Mas cá estamos.Continuo a sonhar pois nada nem ninguem me impedirá de o fazer.Recuso ser retornada. Sou refugiada.BEIJO de uma refugiada sem mágoa no coração.

Anónimo disse...

cada vez sei menos sobre isto tudo. Afinal o 25 de Abril não foi para acabar com os politicos autoritários, acabar com a guerra e com as colonias ?. agora é que eu não percebo nada, pois cada vez mais, somos um país de politicos incompetentes e agora até vamos todos para a Africa ( aquilo é que é bom, lá é que se ganha... ) e agora até fazemos tudo para participar numa guerrinha dos outros ( timor, afeganistão, libano, iraque, guiné etc,) etc ).Cada vez perecebo menos.
Acho que vamos ter de fazer o 25 de Abril outra vez, mas primeiro vamos saber o que queremos.......

Anónimo disse...

acho que os militares fizeram a revolução mas os politicos passaram-lhe a perna. Agora são os politicos que têm o poder, são eles que vivem e governam, é o tempo das suas vacas gordas. E quem vier a seguir que feche a porta......que isto é para os espertos...!!
A historia parece que já lá vai, da Africa, dos cargueiros, das tristezas, mas a nossa historia continua, com outras africas, mesmo aqui ao lado da nossa casa, com desempregos, instabilidade social, ensino sem futuro. Vamos ter de fazer fazer revoluções todos os dias, só espero que os politicos não apareçam por lá.

Afronauta disse...

Apesar de haver muito anonimato, inclusivamente aqui no blog, hoje somos livres para escrever, pensar, sonhar e realizar.
Falando por mim, o nosso país é aquele em que vivemos, a nossa terra é a que ajudamos a construir. É por isso que muitos têm várias.
Não há maior valor do que a liberdade. Trocariam por outra coisa qualquer? Alguns dirão que sim, mas para se perceber bem o que ela significa será necessário primeiro perceber o que implica não a ter!
Sou a favor da liberdade de todos os que estão na sua terra. Não estou preocupado com rótulos. Na vida podemos ter opiniões políticas que não sejam partidárias. Eu não sou de nenhum partido, sou do "inteiro"! Olho para a história da humanidade e vejo que desde sempre que o ser humano luta pela liberdade, ainda que este seja um conceito mutável ao longo dados tempos e consoante as conveniências.
Acho que se confunde governos com povos. O povo português e os das ex-colónias nunca foram inimigos, foram vítimas das mesmas políticas.
Cada um vive e entende o 25 de Abril à sua maneira. Não será a diversidade de pensamentos e opiniões uma excelente conquista para todos?
Apenas uma nota: este comentário da Miteka foi o que mais opiniões suscitou e no menor espaço de tempo. Não terá isso um significado e um sabor especial?

Anónimo disse...

Sem duvida, é um teme pertinente. Mas reflectamos mais um pouco. Hoje não somos mais um povo ou um governo, somos um povinho globalizado, já não mandamos na nossa casa, a tx de cambio, a tx juro, a tx inflacçao são definidas nas reuniões dos tecnocratas localizados em Bruxelas. O Produto Interno do nosso País ( o nosso suor)é absorvido por politicos que o pouco q podem governar (controlar a politica orçamental)dispenderam em obras onde se cobraram de umas comissões. a nossa Dívida Externa está cara Concordo com uma nova Revolução, mas terá que ser global porque somos um país totalmente dependente. Sobre Àfrica só conheço a realidade de hoje, amei, mas tb lá os interesses são globais, dos oligopólios q movimentam o vil metal .... o que é uma pena.
Alguem por este blog referiu q devemos enfrentar...sem duvida...no nosso dia a dia educando e tendo dignidade na atitude e claro sorrindo...

Anónimo disse...

Uma rápida passagem por este marabilhoso blog verifiquei que o post com mais comentários ééééééé:):):):)UMA GAIVOTA VOAVA,VOAVA e a seguir vem JÁ TEMOS BILHETES.Cada um tira as suas conclusões.A minha já cá mora.BEIJOS para a mentora do marabilhoso BLOG e para todos os comentadores.JÁ TOU INDO(a minha mana está chamando por mim)

Afronauta disse...

Não mandamos nas taxas, mas mandamos nos tachos lá de casa!...

Anónimo disse...

Há dias que contam positivo no calendário de um povo e de um Estado.
Um desses dias é o 25 de Abril, hoje apenas uma comemoração de cravo à lapela, que fica bem e ainda por cima é vermelho, lembrando, sangue, garra, revolução, devir. Não raras vezes as datas comemorativas são olhadas com desconfiança pelas novas gerações e com nostalgia pelas mais velhas. À parte as diferenças de valores geracionais, não há dúvida que o 25 de Abril fez cair um regime político, definiu um Estado de Direito em Portugal e desconolizou de forma errada os Povos que durante séculos, nós, os portugueses, escravizamos e miscigeneramos, dando assim lugar quer a crimes horríveis da nossa história quer a países como o Brasil que se ergueu para além do seu descobridor/colonizador em gente, cultura, calor, língua, poesia e música.
A cultura artística de um povo à semelhança da sua cultura política e cívica deve, muitas vezes, a revoluções a evolução. Do 25 de Abril contam-se o papel das elites culturais e artísticas que, por via do seu intelectualismo se exilaram ou não, e o dos capitães militares que cumprindo um arranjo arquitetado por um chefia de homens, puzeram fim a uma ideologia pequena, de cuja imagem temos 'Portugal dos Pequeninos', feita com novenas e perdões encomendados a Nossa Senhora, padroeira de Portugal.
Mesmo depois do declínio da ideologia pequenina mas perigosa quanto baste, prevalece a opinião de que, se perdeu um grande estadista, cuja maior ambição era fazer de todos os portugueses seres à imagem e semelhança dele Próprio: humilde, poupado, bom contabilista em assuntos domésticos, longe dos pecados da gula e da luxúria, virtuoso, instrumento de uma vontade maior, capaz de aceitar os sacrifícios e as penas com piedade e graças, esperadas no além. O significado deste fantasma e seus valores já não é unívoco, mas duplo e contraditório. Notam-se desejos de apagamento da história e desejos de correcção da história. A conjuntura política, económica e social actual, limita o rasgo e a reflexão. Vivemos isto ainda como um conflito pessoal. É tempo de derrubar os limites estreitos dos hábitos correntes e ampliar a responsabilidade geral. Dar lugar às saudades dos de Santa Comba Dão e realizar a obra de construir um futuro melhor, mesmo que partindo de um passado recente pouco revolucionário. É tempo de contar a História com factos e análises, evitar os extremos e os medos. Colher testemunhos, dizer do sofrimento, fazer história das 'estórias', escrever memórias, dar a conhecer a arquitetura do tempo vivido. Ir mais longe, tão longe quanto for possível o impossível.
Comemorar com flores, cravos, que sejam, uma revolução é didáctico, qualitativo. E pode chegar a todos, sem ficar dependente das diferenças de educação cultural que estes 33 anos de comemorações ainda não mudaram e nos atrasam a vida a Todos.

Mariaceucosta

Anónimo disse...

vou fazer queixas ao Jaquim